colcha de retalhos

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Location: Rio de Janeiro, Brazil

Nascido em 1979, fui criado e educado em meio a farta diversidade artística e cultural da Zona Sul da Cidade Maravilhosa. Desde sempre questionador, acabei por me formar pesquisador. De mente inquieta, extravaso minha criatividade como baterista aspirante e pretenso escritor.

Monday, April 16, 2012

little things

The smell
the colours
the voice
the light
the tastes
the memories
the little
things
that keep
us together...

...even when we don't have the touch.

Monday, March 26, 2012

Get time (Ben Kenney)

Oh baby get that shit out of your mind
When I get back everything will be fine
We can sit back and relax and rewind
It's now that I need you
Just be cool in this time
When I'm here it feels like the front line
And without you I am losing my mind
Girl, it's not like you're hearing this for the first time
But it feels like something's different this time
And we both new we were crossing that line
When your song plays I keep hitting rewind
And the best thing I have is what I left behind
And we both know that I'm yours and you're mine
And it's late night, on the phone and you're crying
Cause the distance keeps on testing my spine
And I don't have the dough to be on the next flight
When I feel you hoping that we don't fight
And I need you to need me to act right
But we hang up without saying goodnight
And I just need to know if it will be alright

Oh, don't you ever say that it's too hard to wait
Just know as long as I'm alive I'll come back to your side

Then there's nights when you're lonely and you need to go out
And it's not you that I'm worried about
But intentions of some "friends" that I doubt
And a whole bunch of noise projects from my mouth
And I can't go on treating you this way
And the feelings - They don't match what I say
When "I'm sorry" doesn't make it okay
And... I forgot what I wanted to say
But we both know that I'm yours and you're mine
But it's late night, on the phone and you're crying
Cause the distance keeps on testing my spine
And I don't have the dough to be on the next flight
When I feel you hoping that we don't fight
And I need you to need me to act right
But we hang up without saying goodnight
And I just need to know if it will be alright

Oh, don't you ever say that it's too hard to wait
Just know as long as I'm alive I'll come back to your side

To your side?

Oh baby get that shit out of your mind
When I get home everything will be fine
We can sit back and relax and rewind
It's now that I need you
Just be cool in this time
When I'm here it feels like the front line
And without you I am losing my mind
Girl, it's not like you're hearing this for the first time
Baby get that shit out of your mind

Oh, don't you ever say that it's too hard to wait
Just know as long as I'm alive I'll come back to your side.

Tuesday, January 31, 2012

Você (Tim Maia)

De repente a dor
De esperar terminou
E o amor veio enfim
Eu que sempre sonhei
Mas não acreditei
Muito em mim

Vi o tempo passar
O inverno chegar
Outra vez mas desta vez
Todo pranto sumiu
Um encanto surgiu
Meu amor

Você
É mais do que sei
É mais que pensei
É mais que esperava, baby

Você
É algo assim
É tudo pra mim
É como eu sonhava, baby

Sou feliz agora
Não não vá embora não
Vou morrer de saudade

Tuesday, November 29, 2011

Domingos com você

também gosto dos domingos,
não é apenas você.
e gosto das coisas de domingo,
mesmo quando deixam de ser

domingos são para nós
e os outros dias para os demais.
perder um domingo a fazer coisas para os outros
é como escrever uma carta que não será lida jamais.

a menos que não escrevamos a esmo.
a menos que o que estejamos fazendo
tenha a intenção de alguém cujo bem
traz alegria a nós mesmos.

gosto de domingos que já não são mais,
e quero os domingos de outrora compartilhados.
já não vejo mais graça em só planejar.
já não vejo mais graça naqueles domingos lembrados.

domingos são dias únicos
mas não são para vivermos separados.
domingos são dias lúdicos
onde descansam juntos os corações apaixonados.

quero meus domingos ao teu lado!

Saturday, October 15, 2011

Pois foi
sonhei
Puxei pela memória
e me lembrei

Sonhava que te dava
com força
e que gritavas
feito louca

Estavas mesmo
excitada
e me implorava
por mais estocadas

E quanto mais alto
me pedia
mais forte e fundo
eu te comia

Parecias uma ensandecida
e me dizia que te desse uns tapas
Sem pensar que ardia, eu respondia
e já deixava-te leves marcas

Vermelhas
quentes
e isso te acelerava
gemias e trincavas os dentes

Fazia cara
de quem gostava
e me olhava
sabendo que desta forma me provocava

Eu doido de tanto tesão
puxava-te pelos cabelos
rápido e com muita pressão
já me sentia formigar os dedos

Estava próximo do orgasmo
quando senti o primeiro espasmo
Teu corpo sem mais responder
começou a desfalecer

E eu ainda duro em ti
pude logo perceber
havias chegado ao gozo
o que também logo ia me acontecer

Não tenho como descrever
a sensação que veio a seguir
Quero-te pequena fogosa
pois são tuas as fodas mais gostosas

Saturday, October 01, 2011

Vestido amarelo

Vem
que esse tempo
não passa
e se a mim
angustia
você faz que disfarça
que graça!

És sonho gostoso
e no meu
pensamento
és vento
a alegrar-me o rosto

Está calor
põe uma roupa
fresca
algo discreto
singelo
Usa aquele que gosto
também o seu preferido
o lindo
vestido amarelo

Vamos
que hoje está bom pra passeio
lado a lado
de mãos dadas
como tanto anseio

Se estivesses aqui
não perdoava...
Se pudesse
voava
pra perto de ti

Quero-te
no verão
espero contigo
estar
em comunhão

Até aprecio a espera
mas me farta
tanta demora
não posso com isso
fico a contar cada hora

E enquanto não tenho
me ponho a escrever
descrever
como quero
e o quanto
espero
pra te ver andar
ao meu lado
em par
linda
com seu vestido amarelo

Saturday, September 10, 2011

reprimido diálogo

Hoje escrevo para ti
Escrevo por não poder falar
Te tocar
Queria eu
Poder teimar

Mas não adianta
Escrever é apenas
Escrever
Só se torna dizer
Se houver alguém
Para ler
Isso basta

Tento esquecer que tenho medo
Incompreensivelmente
Impossivel acontecer

Hoje escrevo para ti
Para que saibas
Que sem você
Não pode ser
Não posso
Ser

Mas escrevo calado
Para ninguém ler
Pois no fundo sei que já sabes
Mas desespero que te esqueças!

Tuesday, September 06, 2011

Pervertido

Se não é natural
é criado
moldado
e diferente do instinto animal

Se não nos faz mal
então que mal há
em não seguir regras
em fugir do convencional?

Regras, já não são
em si uma perversão?

Um tanto de reações desejadas
para cada situação

Tentamos gerir os desejos
Mas como se faz o manejo
de algo tão espetacular?
Algo que não há como controlar

Seja o que for que se queira
se respeitas o direito alheio
se não há a maldade na beira
não há que reprimir teu anseio!

Então perverte!
E converte
tua vontade
em realidade

Diverte-se!
Pois se diverso é este mundo
quem te julgar há
como indevido, como imundo?

Todos tem vontades secretas
Todos se espreitam nas brechas
de uma fachada forçada
que nunca vale de nada

Se desejas e reprime
é isso que te deprime!
Mas se praticas e não ofende
não se pode julgar como crime

Crime é participar deste circo!
Crime é deixar-te levar
por uma vida de aparências
que sem prazer e breve, um dia vai acabar...

Saturday, September 03, 2011

Se cuidas de mim, eu cuido de ti também

Você sabe que encontrou alguém realmente especial quando essa pessoa consegue tirar, espontanea e sinceramente, o melhor de você. E isso estimula a relação.

É bem diferente de querer fazer coisas para agradar o outro, o que, mais cedo ou mais tarde, leva ao enfado.

É um querer cuidar natural, verdadeiro, prazeroso.
É um querer cuidar, simplesmente... de si... do outro... dos dois.

Sunday, August 28, 2011

O que é complicado me apetece.
O que é simples me enfada.
O que é difícil me instiga.
O que é fácil me desagrada.

Wednesday, June 01, 2011

Um sorriso desses de café da manhã e eu me viciaria em acordar...

Crianças

Os pequenos são os que possuem as almas mais grandiosas. Infelizmente, muitos fazem questão de apequená-la na medida em que vão crescendo.

Thursday, March 31, 2011

autoconfiança (feito criança)

discurso forjado
discurso pautado
em um roteiro forçado
enforcado pelo próprio veneno

destinos calados
desencontrados
perplexidade que corta
engasgado com o próprio veneno

se tanto que fez
não te fez preparado
esse terreno tão árido
é mesmo um castigo adequado

e agora que tênue
é cada momento
que volta à lembrança
faz sentido que haja feito criança

mas se o tanto que fez
é o tanto que pensa
então tenta
não faz
e se possível
desfaz
vai
não inventa
pois o mal que se faz
é o mal que carregas
e um dia não aguenta
e desaba
e te atormenta

e agora
onde está o homem tão forte e cheio de si?

Você sabe quem você é?
Você só sabe o que você vê...
Você sabe o que você quer?
Pois então faça acontecer!

Wednesday, March 30, 2011

Preciso me concentrar

preciso me convencer
de que estou fazendo a coisa certa
e agora consigo entender
que não é o fim, mas a meta

não pego suas palavras em vão
eu as uso para me motivar
só estou caminhando em direção
ao ponto onde quero chegar

chances nós construímos
se desperdiçamos as que são dadas
o que não posso é ficar esperando
como se estivesse de mãos atadas

pois preciso me convencer
de que estou fazendo a coisa certa
e não é pra te fazer entender
mas pra deixá-la de boca aberta

para que saibas que o que estou falando
é sentido, é real e pulsante
para que percebas que não estou brincando
e que é assim que agirei doravante

sempre caminhando em direção
ao ponto onde quero chegar
pois não existe estrada em vão
se é contigo que eu quero estar

preciso me concentrar...

Tuesday, March 15, 2011

do bom entendimento e crianças

certas coisas não entendo
não pode a distância
ser uma parede tão fria
assim

quente era o toque da pele
ardente
ao menos ardia
em mim

teu silencio é cortante
me corta a alma
não pode haver diversão
nesse fim

espero que estejas ciente
de que o fogo perigoso que manejas
acende, do paiol de pólvora
o estopim

aprendo
que mesmo crendo
não se pode controlar de um todo
nada

entendo
que se não me queres
não posso te manter por perto
atada

estendo
o que compreendo
e se não está vendo
é pura atenção não dada

mas o apelo foi feito
e o movimento foi dado
e se não surte efeito
não posso me impor ao seu lado

num imaginário que só eu vivo
numa realidade que não é de vidro
num aquário de boas esperanças
não, não somos mais crianças

espero que estejas lendo
pois gritar de nada adianta
e se mesmo assim não avanças
é meu tempo que estou perdendo

pois bem
certas coisas simplesmente não entendo

Thursday, January 20, 2011

Alarde

Aquele que está seguro das suas decisões não alardeia. Aquele que está seguro das suas decisões mantém postura firme e atitude serena.

Contudo, rever uma posição não é demonstração de fraqueza, mas, muitas vezes, de amadurecimento.

Friday, July 30, 2010

Planos

Os nossos planos,
a maioria deles,
ficam mesmo apenas nos planos.

Até porque, fazemos planos demais.

Wednesday, June 16, 2010

Hora do "vâmo vê".

Muitas decisões e caminhos. Muitas decisões...

Copa rolando, demandas se acumulando, tempo encurtando e cobranças pintando.
Nada que eu já não estivesse esperando...

"Faz, que se faz
E mais
muito mais
se sagaz...

Faz, que desfaz
mas
se em paz...

Mal não faz!
Então mais,
muito mais..."

Fazendo que não estou vendo, vejo claramente o que se acumula.
E a agenda crescendo...

"Que mané "se sagaz"...
Sou eu quem faz!
Então quais?
Mas não é demais?
Não,
nada de mas..."

Bom, vou indo.
Vamos indo!
Sempre vamos...

E no fim, sempre rindo.
Sei que não é lindo,
sei que ainda acabo caindo
do cavalo.

Mas por enquanto ainda estou dando conta do recado!

Thursday, June 03, 2010

Um segundo (Noção de Nada)

Me diz por quanto tempo
posso me desprender do mundo
Mesmo que seja breve
nem que por um segundo

Que seja breve
mas intenso

Não traga mais do mesmo
não me venha com a mesma conversa
Evite se explicar e se
respeite por um segundo

Que seja breve
mas intenso

Mais uma vez
sei que temos tão pouco tempo...
A culpa é sua sim
e é minha também

Eu nunca quis dizer
que os seus problemas não tem importância pra mim
Mais um segundo e eu mudaria tudo só pra ver
pegar fogo aqui

Wednesday, June 02, 2010

A ironia é ácida
amargo é o sarcasmo

Wednesday, March 11, 2009

Café Importante

Tem certas coisas que são importantes na vida de um homem. E o café é uma delas.

O café é uma bebida de aparência não muito convidativa (preta, quente e amarga), mas com um aroma simplesmente irresistível! Tem a "cara" do Brasil e por mais que os gringos tentem imitar, nunca será a mesma coisa! O café é aquele companheiro de trabalho das horas onde falta concentração. É o "levante" matinal, vespertino ou noturno. Se me permitem a comparação abusiva, café é quase como sexo: tem que ser quente e, de preferência, forte. Ou vai me dizer que você prefere chá de camomila?

Não meu amigo, sabemos apreciar as boas coisas da vida! E o café é uma delas. Música é outra das coisas sem as quais eu não consigo viver em paz. Pensando nisso, e na importância de ambos pra mim, decidi homenagear um dos meus vícios prediletos com outro.

Não, não farei uma música em homenagem ao café. Até por quê, não sou mesmo de compor belas canções. Mas minha relação de paixão com essas duas maravilhas criadas pelo homem me inspirou a pensar no nome que eu tanto procurava pra banda: Café Importante.

Tá, não é lá o nome mais criativo do mundo. Mas eu estava querendo algo simples mesmo. Algo com alma brasileira. Algo que expressasse uma parte de mim. Algo que me desse ânimo, pra correr atrás e fazer acontecer. Até por quê, agora que está engrenando, vamos mesmo precisar dar um nome pra coisa.

Só não vale é deixar a idéia esfriar...

Tuesday, March 03, 2009

Fugaz

Num primeiro momento vazio, falta, sentimento de perda. Não de uma posse, pois nunca se teve nada realmente. Mas de um momento que, fugaz, passou como o vento, rápido demais. Etéreo e impossível de se agarrar. Ainda que físico, material, ardente, carnal; pura e simplesmente emoção. Infelizmente, a rotina, erva daninha que tudo corrompe, vai pouco a pouco ocupando as ranhuras deixadas pela saudade...

Wednesday, July 02, 2008

sobre Saudade

Se não vou
estou
e com você
fico
Deslumbrado,
arrebatado
pelo sopro de saudade
que a tua falta
Me leva
Me corta
nos cascalhos afiados
da tua paciência
Latência
A maré que vai
Vem
correr comigo pelos campos
verdes
que a tua realidade não tem
Vem
e me mostra
os atalhos fáceis
que inventa
Tenta
Me mostra e
me poda
Me mostra
e
distingue
Por agora
Me tinge
de vermelho
A rosa no copo
ainda é esperança
tão certa
como a noite que espreita
mas que esmorece
como a luz do sol
Neste fim de tarde
laranja...

Sunday, May 18, 2008

Quente ventre

Mistura de cabelos
e dedos
Desejos e
anseios

Fêmea que arde no ventre
Acende a carne que quente
rebola
e enlouquece-me por completo

Calor interno
atravessa a pele
alheia
e inflama no coração

Espasmo de prazer
Satisfação e
suor
suado
salgado
evaporado
e condensado
neste ar pesado
denso
e impregnado
de sexo e libido

- Como está quente este quarto!

Tuesday, May 13, 2008

Dois corpos

Eu estava puto da vida por ter que parar com a leitura.

- Que custa fazer um favorzinho?

Nada, não custa nada. Mas uma coisa que realmente me deixam de mau humor é ter de interromper minha leitura. Seja qual for. Principalmente por aquelas pessoas que parecem aguardar, pacientemente, até o momento em que sua atenção está completamente voltada para o objeto de literatura, para te encher de perguntas e assuntos dos mais desinteressantes. Mesmo que sem querer.

Havia ficado a manhã inteira sem fazer nada, mas bastou pegar meu livro...

- Já volto.

Saí amaldiçoando todos que interrompem uma boa leitura. No pilotis do prédio, descobri que não haveria de ser em vão aquela interrupção.

Deslumbrante é apenas um dos inúmeros adjetivos que poderia usar para descrevê-la, mas certamente não o que definiria – nenhum poderia – como a vi naquele momento. Empurrava um carrinho de bebê, graciosamente. “(...) os movimentos de uma mulher dão a real dimensão de seu esplendor.” Rubem Fonseca. Eu pensava se já não havia a visto antes. Deveria ser uma nova moradora. Talvez a ninfeta latina que tinha chamado minha atenção na semana passada... Impossível, seu corpo era de uma mulher bem mais “desenvolvida”. Quando olhou para trás, por sobre o ombro e me encarou, tive total certeza de que não era ela. Tive total certeza de minha perdição.

Depois de entregar uma torta à idosa e simpática senhora do bloco da frente que, por tentar ser demasiadamente simpática, me fez perder a oportunidade de contemplar aquela flor novamente, quando passou por nós, voltei. Ao passar pelo porteiro, não resisti à estupidez.

- O senhor por acaso conhece essa mulher, quer dizer, essa menina que acabou de passar com o carrinho de bebê?

- Que mulher?

- Essa que acabou de passar por aqui. Empurrando um carrinho de bebê.

- Conheço.

- Quem é?

- Por quê?

- Por nada, nunca a vi aqui antes...

- 506.

- Do A ou do B?

- Daqui.

Morávamos no Bloco B eu, o porteiro e sua família e a linda menina que acabara de ver.

- É a mãe da criança?

- Não.

Retornei ao livro e devorei as páginas que faltavam em poucos minutos. Sem conseguir tirá-la da cabeça, fui obrigado a ler novamente o último capítulo. Mesmo sabendo que minha timidez me impediria de dizer-lhe uma palavra sequer, desci novamente, sem pretexto. E sabendo que provavelmente já teria voltado com o bebê para casa.

Já havia subido. Voltei para casa e decidi que conheceria e seduziria o motivo de minha alegria naquele dia cinza de primavera. Custasse o que custasse.

* * *

- Juro que não é preconceito, mas cheguei a pensar que você fosse a mãe do Lucas. Até mesmo irmã.

- O quê?

- É, sério, nunca imaginei...

- Preconceituoso!

- Já disse, não é preconceito, é que você é uma exceção, seu rostinho... Você tem que admitir que não é comum. Além do mais você é muito jovem...

- Então como poderia ser mãe do Lucas? Você é preconceituoso sim.

- Que seja, então. Você é linda!

- Você também é uma gracinha. Mas aonde já se viu? Meninas bonitas, e isso é você quem diz, não podem trabalhar como empregada doméstica? Pior! Toda empregada é feia?

- Você é babá do Lucas.

- Dá no mesmo! Afinal de contas eu faço a comida pra todo mundo naquela casa...

- Mas não lava, não passa...

- Também, você acha que eu sou o que, hein? Só o que o pestinha dá de trabalho já é o suficiente pra me deixar exausta. Mas ele é tão fofinho!

- “Mas ele é tão fofinho...”

- Tá com ciúmes, é?

- E se estiver?

- Deixa de ser bobo, ele precisa de mim muito mais do que você.

- Ah, isso com certeza não...

Não foi muito difícil, ao contrário do que eu imaginava, conquistar Camile. Bastaram uns dois dias de trocas de sorrisos, um “ele é muito lindo, não é?” e logo me dei conta de que “adoro homens que gostam de crianças” tratava-se de uma cumplicidade de sentimentos.

É claro que uma pequena mudança de horários na minha rotina de dormir e acordar e “favores desinteressados” para minha querida mamãe, foram convenientes para encontrá-la em seus passeios matinais com o pequeno Lucas pelo condomínio.

Agíamos como dois adolescentes que não podiam namorar, mas que mesmo assim continuavam a se encontrar às escondidas. Conversávamos por pouco tempo quando eu, voltando do banco ou da padaria, a encontrava. Justamente “quando já estava quase na hora do Luquinha subir” e de eu ir para a faculdade. Tudo muito discreto e cauteloso. “Os vizinhos e zeladores adoram falar da vida dos outros, principalmente das empregadinhas que se engraçam com moradores”.

- Não gosto quando você fala assim.

- Você é bobo. Sabe que falam assim, até pior...

Um beijinho, só no elevador. E só se estivéssemos sozinhos. Tudo muito disciplinado, muito calculado. Mas claro que toda cautela não durou por muito tempo.

* * *

- Você sabe o que essas velhas fofoqueiras andam dizendo...

- A que horas chega a D. Clara?

- Seis e meia, sete horas...

- Ainda são dez para as cinco, temos muito tempo.

- E se o Luquinha acordar?

- Aí, você vai lá e bota ele pra dormir de novo.

- Como? Assim?

- Quem me dera ter uma babá como você... E ainda mais que me botasse pra dormir só de calcinha... Nunca teria pesadelos.

- Para!

- Às vezes acho que você é que não está mais querendo nada comigo...

- Você é bobo. Antes nós fazíamos tudo direitinho, tudo nos conformes. Agora olha só, já estamos quase fodendo na sala da minha patroa.

- Que não vai nem desconfiar... Aliás, acho que a gente devia era assumir de vez!

- Você é um inconseqüente! Já falamos sobre isso. Sabe que se a D. Clara desconfiar de mim me bota no olho da rua. E aí é que não vamos ter mais nada mesmo.

Blim, blom!

- Puta que pariu, a campainha!

- Calma, é só a campainha. A D. Clara não é. Então relaxa.

- Calma o escambau! E se for o "seu" Pedro?

- Pais divorciados... Visitas marcadas... A D. Clara te avisou de alguma coisa?

- Não.

Blim blom! Blim blom!

- Então relaxa e vai lá atender.

- Pra você é tudo muito fácil. Agora eu vou atender a porta toda descabelada...

- Tá uma graça, vai logo.

Blim blom! Blim blom!

- JÁ VAI, JÁ VAI! Vai pro banheiro e só sai quando eu mandar.

- Nanana nananana...

- Vai!

Antes de entrar no banheiro, ouvi o barulho da porta sendo destrancada. Para falar a verdade, estava me divertindo um bocado com a situação.

- Boa tarde seu Jaime, em que posso ajudar?

- Boa! É que a D. Clara pediu pra eu passar aqui por conta de vê um vazamento que parece que tem no banheiro...

- Já foi consertado.

- Já?

- Já.

- Mas não foi mesmo, acabei de vir do apartamento de baixo e tá vazando que parece que é uma cachoeira.

- Mas aqui tá que é uma beleza.

- Mas acontece que, se eu não vê isso logo, pode não ficar mais uma beleza. E aí, vou ter que quebrar o banheiro da sua patroa todo. E aí, garanto que ela não vai achar nada uma beleza. Hoje é sexta e se não for hoje, só semana que vem. E aí, pode ser tarde...

- Mas a D. Clara não me avisou nada...

- Mas a D. Clara me avisou ontem. E pediu pra eu vir aqui hoje. Como é, posso entrar ou não, gracinha?

- Bom, seja o que Deus quiser...

- Muito obrigado.

Depois de meia hora de espera no armário do quarto, não conseguia mais controlar a vontade de ir ao banheiro.

- Bom, parece que o problema é no registro. Avisa a sua patroa que vai ter que quebrar tudo mesmo. Semana que vem eu volto. Tchau, delícia.

Saí em disparada quando a porta bateu. Camile não entendeu nada.

- Como é que você foi parar no armário?

- Acontece que se eu tivesse ficado no banheiro, como você me disse pra fazer, não teria escutado nada e o seu Jaime ia ter uma bela surpresa.

- Meu inteligentinho... Só que agora está na hora de você voltar pra sua casinha.

- Mais um beijinho.

- Tchau!

- Até amanhã. Ah, mais uma coisa, se o vigarista do Jaime te chamar de gracinha de novo, arrebento a cara dele!

- TCHAU!

* * *

Camile era muito mais que uma amante. Não era uma namorada, mas tratava-me como se fosse. Eu gostava embora ela não admitisse a idéia de um compromisso entre nós. Naturalmente, foi crescendo a brasa da luxúria que nos fazia, por horas, perder a razão. Colocávamo-nos em risco no apartamento de D. Clara, várias vezes por semana.

- Daqui a pouco o Luquinha tá repetindo o seu nome pra mãe dele e aí eu quero só ver...

- Mas eu adoro esse menino! A D. Clara já me viu brincando com ele várias vezes. Não vai ter nada de mais.

Camile era diferente das demais meninas da sua idade. Apesar de não apresentar ingenuidade, muito pelo contrário, demonstrava possuir mais experiência do que eu imaginava para uma menina de 17 anos e 11 meses, como ela gostava de dizer. Era linda e não se dava conta disso. Ao menos, não admitia.

Após algum tempo, alguma coisa tornou-se diferente. Não comentei nada, pois não sabia bem o que era. Continuávamos como dois alucinados a nos arriscar, por vezes até nas escadas do prédio, de madrugada. Começou a perturbar os vizinhos, mas nos divertíamos com isso. Só não posso dizer que Camile era insaciável, pois o fogo que despertava em mim permitia que nos desenrroscássemos apenas quando ambos apresentavam evidentes sinais de exaustão. Separávamos-nos de comum acordo. E ríamos com isso.

- Boa tarde, a D. Camile, por favor...

- Engraçadinho.

- Estou subindo.

- Não, não sub... Não desligue a merda do interfone...

...

- Não me ouviu? Disse que não era pra você subir.

- Não.

- Então estou dizendo agora. Não era pra você ter subido.

- E por quê?

- Porque não era. Porque hoje o seu Jaime vem aqui fazer um conserto e deve demorar.

- Mas ele já não quebrou o banheiro todo?

- É na cozinha.

- Não vai me deixar entrar?

- Não. Ele pode chegar a qualquer momento. É melhor você voltar pra casa rapidinho...

O Jaime já tinha chegado. Por um momento ela permitiu que a porta entreaberta aumentasse um pouco o meu campo de visão. Vi o filho da puta sentado no sofá, nu.

- Filha da puta!

Agora já não me importo de ser chamado de preconceituoso...

- Puta que pariu! Tinha que ser com o bombeiro do condomínio!?

Não sei explicar ainda o que me passou pela cabeça na hora. Para falar a verdade, nos poucos meses que passaram desde que começamos a nos encontrar, não perdi muito tempo pensando em porquês ou explicações.

- Calma, vamos ficar calmos.

Não sei explicar muita coisa...

- Não! Não! PARA!

Mas agora, é bom começar a raciocinar de novo. E depressa. Já são 18h45min, D. Clara chega a qualquer momento e eu não tenho idéia do que fazer com esses dois corpos na sala dela. Não consigo pensar. E esse merdinha do Lucas não para de chorar!

* * *

Thursday, February 21, 2008

Sussurros

No sofá jazem as roupas nuas
E lá fora
a lua desperdiçada
No compasso da minha respiração
acelerada
As gotas que me banham são suas

Gargantas secas
Gemidos roucos
Instintos materializados em carne
regem nossos movimentos soltos

Em contradição
Provocações
calam-se em risadas mudas

Susurros de alegria
soprados ao pé do ouvido
Completam a melodia quente
composta na hora
de improviso

Sem um aviso
numa troca de olhares
Recomeçam a música
e a dança

Cessam as forças
Esgotam-se as energias
Ainda há desejo suficiente
para dias

Suspiros de cumplicidade
resumem a indescritivel satisfação
É findo mais um ciclo doméstico
do amor resumido em ação

- mms - 2003

Sunday, February 10, 2008

Lado Oposto (Maurício Baia)

Tem sempre alguém pra me mostrar a trilha certa
Onde comprar, o que comer, como vestir
Pode ser o meu caminho complicado
Mas não insista porque eu não vou por aí
Se pra ser alguém é requisito o seu bom gosto
Eu quero ir pro lado oposto
Só quero dar uma volta do outro lado
Pra ver como é que está

Quando Galileu provou que Deus estava errado
No capitulo I dos Gêneses, quase foi queimado
A História é escrita pelas grandes transgressões
De quem mudou o mundo com suas inquietações
Se na nossa lei a ordem deve se manter
Eu quero desobedecer
Só quero dar uma volta do outro lado
Pra ver como é que está

Passando desapercebido na multidão do dia-a-dia
Acredita cumprir a função que nem sabe se escolheu
Procura diversão fora pois sua cama já é fria
É fruta que amadurecera, caiu no chão e apodreceu
Se eu é que sou louco e é você quem tem razão
Como é que cria sua própria prisão?
Só quero dar uma volta do outro lado
Pra ver como é que está

Desconfio de qualquer autoridade
Política, religiosa, científica ou moral
Que elege os ignorantes e os detentores da verdade
Cria um muro que impede de ver o mundo se abrindo colossal
Se pra ser feliz devo manter algum padrão
Vou seguir na contra mão
Só quero dar uma volta do outro lado
Pra ver como é que está

Thursday, January 31, 2008

A mulher da calcinha de algodão


Este texto é de André Debevc mas, se pudesse, gostaria de ter sido eu seu autor, tal é a identificação que encontrei ao terminar de ler essas linhas.


Ela anda pela casa com o jeito mais despreocupado do mundo. Cabelo castanho quase ondulado na manhã de uma lembrança. Pegando a torrada besuntada de geléia diet com a pontinha dos dedos, acha que está mais gorda do que queria estar, como toda mulher. É linda em sua imperfeição. O camisão gigantesco é secular e faz questão de não esconder nenhum furinho feito pelo tempo. Desbotado, é provavelmente uma das coisas que mais guarda o seu cheiro matinal totalmente viciante. O beijo morto, dado ainda nos lençóis, vem entre um sussurro ainda ininteligível de que a preguiça era maior que ela e os cabelos desgrenhados pela noite.
Nenhuma mulher acorda parecendo que está num anúncio de margarina, mas qualquer propaganda perderia em naturalidade para seus miados. Ela tem manias e defeitos como todo ser vivo e adora me tascar um beijo mesmo antes de escovar os dentes. É uma dessas mulheres mágicas em sua simplicidade. À luz da manhã de um domingo qualquer, lendo seu jornalzinho, pergunta algo que sabe que não sei só para poder fazer graça de mim. Fica feliz quando me ensina uma palavra nova, cantarola uma música que nunca tocou no radio, mas que só ela sabe de cor. Tem calcinhas chiques para ocasiões especiais, cheias de rendas como troféus para quem a despe. Ela sabe onde comprar aquela cinta liga alucinante que faz qualquer homem babar, e certamente tem, pelo menos, uma guardada da forma mais despreocupada possível na gaveta que você nunca abre.
Reclama da minha barba mal feita que, às vezes, roça em sua nuca ou em suas coxas. Adora quando falo do seu umbigo ou quando peço para ela parar de me morder porque marca. Vive falando mal da celulite que imagina estar invadindo seu corpo. É lasciva o suficiente para conseguir tudo que quer com uma chantagenzinha emocional barata. Me chama por um apelido que só ela usa e fala sarcasticamente mal de qualquer coisa que eu escreva só pra depois pular no meu colo dizendo que era brincadeira. Deixa a gola quase esgarçada do camisão para me mostrar o ombro e, quando salta pra pegar mais café, me diz cinicamente que é para parar de olhar pra sua bunda.
A mulher da calcinha de algodão branco. Como tantas outras calcinhas que contam histórias secando nas torneiras do chuveiro. As calcinhas comuns, sem ocasiões especiais, sem desculpas por não serem sempre novas e lindas. A mulher que reclama quando como algo que ela odeia, a mulher que aperta meu pneuzinho perguntando de quem são aquelas carnes.
Existem poucas cenas mais completas do que assistir ao sono dela em sua calcinha branca de algodão. Acho que a calcinha me fascina justamente pela sua idéia de cumplicidade. De sempre estar ali. Pendurada no banheiro, dobradinha em cima da cama esperando sumir numa interminável gaveta ou andando pela casa antes de se esconder dentro de uma calça numa terça-feira.
Essa mulher é a que no elevador me puxa com o olhar mais tarado do mundo e, segundos antes da porta abrir, me pergunta como está o decote. A mulher da calcinha de algodão anda por aí, todos os dias, desapercebida em sua simplicidade, fingindo uma timidez educada que esconde seu senso de humor debochado e sua vontade eterna em me ver bebendo vinho nas curvas de suas costas enquanto compromissos esperam. Ela é uma mulher, como tantas outras, incomparável. Mesmo quando a gravidade inevitavelmente ganha suas batalhas e o tempo a lembre nas aulas de ginástica que ela não tem mais 17 anos. E daí se as pernas forem mais finas do que ela sempre quis que fossem? E daí se seu pé não apareceria em outdoors de sandálias?
Sei que ela sempre vai elogiar as magrelas que trabalham como cabides ambulantes para os grandes nomes da moda. Sei que ela sempre vai dizer que eu preferiria ver a Gisele Bundchen de biquíni numa revista do que tê-la ao meu lado. E essa é uma das coisas boas dela. Eu sei de um monte de coisas e ainda não me cansei disso.
A mulher da calcinha de algodão sempre vai ter algo inteligente ou debochado para dizer, sempre vai reclamar que eu deveria dirigir com mais calma e fazer pouco das outras mulheres que foram menos que ela na minha vida. Esta mulher fica menstruada e reclama disso, sempre fala que fica inchada e se acha um barangão quando está de mau humor. Esta mulher é falível e real. Além de ser apaixonada por mim deve andar por aí olhando discretamente pra outros homens (sem nunca fazer nada), pode certamente comentar de meus defeitinhos para suas amigas ou ainda sonhar em ir a uma praia sem areia, que se amontoa dentro do seu velho biquíni. Ela vive, toma decisões erradas e ostenta outros milhões de defeitos. Todos eles apaixonantes, porque vêm de alguém real e não de uma boneca de cera sem personalidade que muito homem queria ter para mostrar pros amigos.

Wednesday, January 23, 2008

Nacessitamo-nos!

Desvendo-te
e surpreendo-me
Desvenda-me e
me devora
Empresto
o que mais eu prezo
Mas não aguento
a sua demora

Eu te vejo
Você me beija
Você anseia
E eu te desejo

Entrincheirados
nessa resistência
Pacientemente
apreciamos nossa essência

Necessitamo-nos!
E nos falamos
E nos procuramos...

Como poderia ser diferente?
Ainda que tenha sido
assim, tão de repente...

Você é luz
que me aquece a leitura
Eu sou imaginação
que te transforma em partitura

Você me cega
com tanta criatividade
Imagina só, eu nessa idade...

E sem métrica
ou medo
Sem método
ou fraquejo
Desenterras
o que eu aglomero
E alcançamos
a perfeição
Só de nos darmos as mãos!


É pra você, que me surgiu num momento tão interessante.

Saturday, August 20, 2005

Secretamente (na sua idade)

E
se depois de tudo isso
descobrires
que não valeu a pena?
E se encontrar-te ridícula?
Não insinuo
que venha a arrepender-se
duvido...
O que prezo
é a amizade de todos

Olha
ao redor
Olha e acredita
no que vê
Pode ser sincero
pode não ser falsidade
Na sua idade...
Já pensou nisso?

E se depois de tudo isso
descobrires?
Descobre teu coração
Descobre-se
deste véu de cinismo
pesado, gelado
Sente o calor
É quente aqui com a gente

Aproveita e livra-se do veneno
Que destila secretamente
mas nem tanto...

Tua boca desperta
desejo
Mas não parece satisfeita
Tua retórica afiada
a mim soa infantil
Posso não ser o único...

A cada nova intriga
perde
A cada nova mentira
perde-se
Entrega-se
de corpo e alma
e magoa-se
Mas não magoe
Entristece-se
mas não faça triste
Chora
Mas não faça chorar
Vale a pena
Mas isso, não sei como te explicar.

- mms - 3/11/01

Sunday, June 19, 2005

Expectativas

Não crie expectativas.
Expectativas só servem para gerar decepções.

Aquele que não as cria, pode ainda ter uma agradável surpresa no final.

Thursday, June 02, 2005

Um balão

Um grande balão, um lindo balão colorido. Para me levar. Por cima de todas as dificuldades, flutuar. E somente nos pontos certos aterrizar. E desfrutar, com toda espontaniedade e simplicidade, dos momentos felizes. E aproveitar estas chances como se fossem as últimas. Mas sempre frutificando, mais e mais. E assim, enterrar para sempre esta apatia que tem me dominado. E por fim, libertar-me desta teia de preguiça que, tecendo dia a dia, chamo de vida. Esta teia que, de tão bem trabalhada e aderente (confortável?), tem me prendido. Me afastado do mundo. Por vezes, permintido um ou outro movimento mais ousado, apenas para evitar uma revolta. Como se tivesse vida própria. Como se não fosse eu, a única pessoas capaz de fazê-la em pedaços. Mas esse balão está furado. E eu tenho que encomendar tecido para fazer os remendos. Mais retalhos...


Sunday, May 22, 2005

colcha de retalhos

Retalhos da vida

Retalhos tristes, retalhos felizes
Retalhos listrados, quadriculados...
Retalhos de hoje, retalhos do passado
Retalhos guardados

Retalhos simples, retalhos bordados
Retalhos rasgados, retalhos cortados

Retalhos chorados

Retalhos vividos, retalhos deixados de lado
Retalhos esquecidos

Retalhos aprendidos, retalhos ensinados...

Retalhos reunidos
Retalhos costurados
numa quente e confortável
colcha de retalhos